quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

[Dicas para Escrever Fanfic da Láu] - Aula 4


Hoy Tucanos ~

Estou a postar hoje e nem sei como!
Ontem, que tinha tempo livre, decidi começar a fazer o post para hoje evitar mortes atrasos. E então o meu pc decidiu detectar internet e depois não conectar... TODO O DIA. E eu, como única solução, peguei no outro pc que detectava E conectava.
Adivinhem o que acontece? O carregador deixa de funcionar. Bonito.

Para melhorar o meu dia, ontem estavam 10º célsius dentro de casa. Com essa temperatura o meu cérebro não consegue funcionar. Nem com essa, nem com qualquer outra. Mas isso não vem ao caso.
Depois do típico enrolamento inicial, vamos ao que importa:
POV'S e Preciosismos da Narração (Parte I)
(E sim, eu acabei de chamar preciosismos, para mim eles são exactamente isso)




POV - (do inglês Point of View) É o ponto de vista em que a história é contada. Ou seja, é a focalização ou o prisma por onde são capturados os factos. 


Não sei se é logisticamente correcto (o mais provável é ser incorrecto), mas eu faço uma certa distinção entre o ponto de vista da personagem e a do narrador. (Aproveito para avisar que este é o tema que eu mais gosto de discutir *cof*).


Como devem já saber graças ás aulas de português, existem dois tipos de característica que delimitam a narração: quanto á ciência e quanto á presença.

 
Quanto á ciência, podemos dizer que o narrador é omnisciente ou observador.
O que difere estes dois tipos de narração é o conhecimento que cada um tem em relação á história.


O narrador omnisciente é como um Deus. Ele tem conhecimentos ilimitados em relação ao tempo, espaço e até ao íntimo das personagens. Ele vê, sabe e conhece tudo.
Exemplo:

Maka entrou pelo salão de baile arrastando os pés. Aqueles malditos sapatos de salto estavam a dar cabo dela.
Há muito que procurava por Soul, mas o albino parecia ter-se evaporado. Claro que ela não ia desistir!
Decidiu procura-lo nas varandas que davam acesso para o salão. E mais uma vez, a sua intuição não a deixou mal. Aproximou-se sorrateiramente por detrás dele para o tentar assustar, mas ele foi mais rápido e voltou-se a tempo.
"Hey, o que pensas que 'tás a fazer?"
"Eu ia-"
Ouviram gritos furiosos vindos do salão. O que estaria a acontecer desta vez?

O narrador observador apenas refere tudo aquilo que é observável e não possui conhecimento de tudo. É escrito na 3ª pessoa tal como o anterior.
Exemplo:
Maka entrou pelo salão de baile arrastando os pés. Dirigiu-se a uma das varandas que davam acesso ao salão. Aproximou-se sorrateiramente por detrás de Soul mas este voltou-se rapidamente e disse-lhe:
"Hey, o que pensas que 'tás a fazer?"
"Eu ia-"
Ela foi interrompida pelos gritos furiosos vindos do salão.

Quanto á presença:
Eu aqui digo que é o "POV da personagem" porque em 2 dos 3 casos, o narrador é de facto a personagem. (Daí eu ter dito anteriormente que fazia distinção.)

Narrador autodiegético: é escrito na 1ª pessoa e enquanto personagem central da história relata as suas próprias experiencias.
Exemplo:

Entrei pelo salão de baile a arrastar os meus pés. Juro por Shinigami que não volto a usar estes malditos sapatos de salto alto. Ando á procura do Soul já desde da hora de jantar, mas ele não parece estar em lado nenhum... A menos que... Claro! A varanda!
Dirigi-me á varanda e lá estava ele. Aproximei-me cautelosamente para o tentar assustar, mas aquele idiota detectou a minha presença e foi mas rápido.
"Hey, o que pensas que 'tás a fazer?"
"Eu ia-"
A minha linha de raciocínio rompeu-se quando ouvi uma gritaria vinda do salão.

Narrador homodiegético:
relata uma história na qual participa apenas como testemunha ou personagem secundária.
Exemplo:
Estava a tentar arranjar a simetria da mesa que Excalibur tinha destruído com a sua bengala quando Maka passou por mim a mancar. Decerto não estava habituada a andar de saltos.
Eu ia chama-la mas ela foi para a varanda onde estava Soul então preferi não estragar o balanço das coisas. Ela aproximou-se de Soul e ele voltou-se para trás:
"Hey, o que pensas que 'tás a fazer?"
Pela expressão de desilusão da Maka, ela estava a tentar assusta-lo.
"Kid?"
Ao ouvir o meu nome voltei-me para a mesa e senti algo a bater na minha cara.
"GUERRA DE COMIDA!"
"PATTY! BLACK STAR! PAREM DE DESTUIR O MEU SALÃO!"

Narrador heterodiegético: recorrendo à 3ªPessoa, relata uma história na qual não participa. (ver o exemplo do narrador omnisciente.)

Notas:
Na minha opinião, o melhor POV é o de Narrador omnisciente heterodiegético. É o mais facil de usar tendo em conta que numa história não se deve CONTAR TUDO mas sim mostrar. Sim, podiamos fazer um monologo sobre todas as coisas que existem num universo alternativo qualquer, mas tem muito mais piada e interesse quando o leitor descobre sozinho.

Apesar de não ser muito usado, o homodiegético pode ter interesse como "side-story" que ajuda na explicação de certos acontecimentos.

Pessoalmente, quando escrevo uma fic, tenho a tendência de saltar de Pov em Pov e trocar muitas vezes de personagem para dar ao leitor uma melhor visão da acção. Um bom escritor não tem necessidade de fazer isto. (Apesar que adoro ler Povs de personagens diferentes para não cansar...)

Não sou grande fã de autodiegéticos a minha opinião é que é muito limitador a nível das acções e do conhecimento, uma vez que a personagem tem de descobrir por si mesmo as coisas.

Antes que alguém pergunte qual a diferença entre o narrador observador e o homodiegético, eu não tenho exactamente a certeza, mas acho que a diferença reside no facto do primeiro não fazer directamente parte da acção em si.

Preciosismos da Narrativa:
Eu decidi falar nisto para dar a conhecer alguns tipos diferentes de narrativa que podem servir como futura referencia (existem mais, mas não achei importantes para agora):

Texto Dialogal-conversacional:
Tal como os outros tipos de textos, é constituído por uma sequência. Só existe diálogo se tivermos em presença pelo menos dois sujeitos que, falando uma de cada vez, procuram articular as suas intervenções. *

A sequência dialogal:
Abertura do diálogo que se efectua através de um ritual cujo objectivo é facilitar o contacto inicial.
Corpo do dialogo constituído pela articulação das réplicas, ou seja, das intervenções de cada um dos participantes.
Fechamento do dialogo, concretizando mediante recurso a um novo ritual.
Exemplo:

Aproximou-se sorrateiramente por detrás dele para o tentar assustar, mas ele foi mais rapido e voltou-se a tempo.
"Hey, o que pensas que 'tás a fazer?"
"Eu ia-"
"Que gritaria é esta?"
"Parece o Kid..."
"Boa. Esta gente não sabe que não pode estragar a 'simetria do universo'?"
Maka encolheu os ombros e voltou para o salão.

Diálogo:
Segue a estrutura apresentada no texto anterior mas com a diferença que oferece mais pormenores. Deixando assim de ser um texto dialogal.
Aproximou-se sorrateiramente por detrás dele para o tentar assustar, mas ele foi mais rápido e voltou-se a tempo.
"Hey, o que pensas que 'tás a fazer?"
"Eu ia-"
"Que gritaria é esta?" interrompeu Soul, irritado.
"Parece o Kid..."
"Boa. Esta gente não sabe que não pode estragar a 'simetria do universo'?" respirou fundo e levou a palma da mão á testa.
Maka encolheu os ombros e voltou para o salão.

*Essa definição foi copiada da minha gramática antiga e adaptada por mim, mesmo discordando.
Referências: (2007), Gramática Prática de Português "Da comunicação á expressão", Lisboa Editora, Lisboa.

E finalmente acabei por hoje (após 8mil edits). Demorei demasiado tempo a escrever graças ás paragens e graças também a ter dado numa de Pss: "TOCA A CRITICAR!" a gramática inteira.
(E ainda nem cheguei á parte dos verbos e modificadores adverbiais... porque esses com o novo acordo...)
Até para a semana ~