quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

[Dicas para Escrever Fanfic da Láu] - Aula 3


Hoy Tucanos!
Peço desculpa por não ter postado ontem. Tive uma visita de estudo a um palácio que fica no extremo oposto do país e portanto passei o dia a viajar, para perto de Lisboa (grrr).
Portanto, a pedido de algumas famílias:
Aula 3 - Criar Personagens e Cenários.


Não era de todo minha intenção falar sobre isto, uma vez que a fanfic regra geral já tem os personagens definidos. Mas depois do comentário que o Ed deixou na aula anterior e de eu ter ponderado sobre o assunto, decidi falar sobre isto, uma vez que por vezes é necessário acrescentar personagens inventadas. 


Warning: Eu nunca escrevi uma história original, ou pelo menos uma que desenvolvesse, e portanto, tudo o que sei sobre o assunto foi fruto de muitos meses de pesquisa e muitos anos de leitura, o que significa que eu vou seguir neste caso o provérbio "Olha para o que eu digo e não para o que eu faço." Além disso a escrita e o gosto pessoal, varia de pessoa para pessoa (duh) e eu receio estar a dar a minha opinião influenciada pelo gosto pessoal...


Criar Personagem:
A personagem pode ser de dois tipos: Principal ou secundária. É importante distinguir estes dois tipos uma vez que tudo vai depender disso.
A personagem principal é o elemento central da história. Tudo acontece graças a ela e o seu desenvolvimento é importante. Ela não é perfeita e tem alguns defeitos. Alguns mais óbvios que outros, mas defeitos ainda assim.


Ora, mais importante que a descrição física da personagem é a sua personalidade.
"Errar é humano" mas no mundo das fanfic ou das histórias originais, tanto vale ser humano como elfo ou como uma personificação de uma nuvem. Qualquer ser ou coisa que tenha personalidade tem, OBRIGATORIAMENTE, de ter defeitos e qualidades. Caso contrário vira uma mary sue.


Uma Mary Sue (por vezes apenas Sue), no criticismo literário e particularmente em fanfiction, é uma personagem ficional com demasiadas qualidades e com a ausência de defeitos ou pontos negativos na sua personalidade ou forma de agir. De uma forma mais sintetizada, é uma personagem cujos aspectos positivos ultrapassam todos os outros traços de personalidade.Tornando-a por vezes numa personagem demasiado cliché e irritante.

Isto foi escrito por mim, daí a repetição exagerada que é, infelizmente, característica minha. 


As Mary Sues são personagens chatas, irritantes e difíceis de simpatizar (a menos que alguém seja narcisista). São previsíveis e pouco originais. Ou seja: É IMPORTANTE EVITA-LAS.


"Como faço então?"


Se tiverem só a ideia de como será a história e nem têm ideias para personagens, recomendo fazer um brainstorming com qualidades e defeitos e depois escolher os que mais encaixam.


Brainstorming: É um processo creativo que consiste em , a partir de um tema, fazer um "apanhado" de ideias/palavras aleatórias de forma a que em certo ponto uma ideia nova surja de todas as disponivéis.
Ou então, um método meio infantil que eu uso que consiste em cortar pedaços de papéis e escrever adjectivos (tanto bons como maus) para depois colocar em dois sacos diferentes (um para qualidades e outro para defeitos) e aleatoriamente retirar alguns papéis de ambos os sacos.


Nota: Independentemente dos papéis que saírem (caso usem esse método) convêm ter atenção com adjectivos opostos. Por exemplo, uma personagem arrumada não é desleixada, da mesma forma com que uma pessoa anti-social não pode ser faladora ou uma pessoa séria adore contar piadas.  


Se a ideia para a personagem já está formada, então podemos passar ao desenvolvimento dela:
Regra geral, todos os personagens começam com um nível de conhecimento baixo e poder fraco que ao longo da história vai evoluindo. Um dos meus exemplos preferidos disso é o Tsuna de KHR.
Ao princípio, ele não sabia nada sobre o mundo da Máfia e só conseguia as coisas com a shinuki dan mas com o avançar da história ele aprende a controlar as chamas e a ter mais raciocino estratégico. Nada disto seria conseguido sem TREINO. Então, se a personagem tiver algum poder especial ou necessitar de conhecimentos para realizar alguma tarefa, convém explicar o motivo e modo com que ela consegue isso. Ser auto-didacta sem parecer mary sue pode ser difícil, mas não impossível. Olhem o caso do Edward Elric...


Outra forma de a personagem parecer mais coerente, é responder a um questionário que dará ideias para a sua construção. Eu vou dar um exemplo de perguntas, pode ajudar ou não, mas não custa tentar:

1) A personagem tem algum medo demasiado irracional ou fobia?


2) A sua personagem vive no mesmo sítio onde nasceu? Vive noutro sítio? Ou vive a viajar pelo mundo?


3) Qual a cor preferida a personagem? Algum motivo em especial?


4) Tem algum hobby pelicular?


5) Reage de cabeça quente ou fria às diferentes situações?


6) Quais os temas que ela gosta mais de falar?


7) Quando está deprimida, a personagem vai para algum sítio em especial?


8) Como é o seu relacionamento com a família?


9) Qual o seu hábito ou vicio mais estranho?


10) Qual foi o melhor momento da sua vida, até ao momento?








Quanto á descrição física, apenas quer dar dois exemplos comparativos:


"Maria era branca e tinha estatura média. Era absolutamente normal. Os seus olhos, verde-acastanhados, eram grandes e a sua boca pequena tinha sempre uma tonalidade avermelhada. Usava uma t-shirt branca e calças de ganga claras rotas no joelho, deixando á vista uma cicatriz que fez quando tinha 5 anos. O seu cabelo, preso num rabo-de-cavalo, balançava enquanto ela caminhava rapidamente."
Esta descrição está simples e... descritiva. Nada na personagem é mistério e pouco ou nada nos deixa espaço para imaginar. Foram cerca de 15 segundos da vossa vida desperdiçados a ler uma descrição chata, monótona e comum de uma personagem.

"Maria era absolutamente normal para alguém da sua idade. Os seus olhos tinham a cor das florestas nórdicas em contraste com o seu cabelo escuro que usava sempre preso. Vestia roupa confortável e caminhava em passo acelerado."
Não que esta descrição não seja chata (afinal foi feita por mim) mas dá mais "espaço" para o leitor se concentrar na acção do que nos "enfeites".Deixando de fora pormenores que não importam.
Usar adjectivos ambíguos e personificações ajudam a que a descrição da personagem seja mais "leve" e diferente. Mas tudo depende do tipo de escrita.
Tal como a personalidade, a forma física da personagem deve ser moderada. Mesmo que a personagem seja baseada numa modelo famosa qualquer, é de lembrar que mesmo essas pessoas extremamente bonitas têm alguma coisa no corpo que não gostam que lhes causa embaraço. Ninguém é 100% perfeito. 
A personagem secundária:
Pode ou não ser muito importante e deve seguir os padrões de criação tal como a principal, no entanto, a sua descrição deve ser menos pormenorizada e menos focada, caso contrário a atenção dos leitores poderá ser desviada.
Nota: Não devemos dizer que uma personagem é corajosa ou honesta. Devemos mostrar isso pelas suas acções!


Descrição Espacial/Cenários:
Existem centenas de correntes literárias e em algumas delas, a descrição é um dos factores chave. Nem todos os escritores dão importância ao espaço rodeante, e é algo intuitivo.
Não há muito a dizer sobre este o assunto para além de que DEMASIADA DESCRIÇÃO CANSA O LEITOR.
E que se calhar é importante referir alguma característica da casa em que os personagens vão entrar mas não é tão importante dizer qual a tonalidade de verde que a relva tem. Se um personagem passa a vida enfiado dentro de um quarto, então é interessante saber como esse quarto é, mas se for um quarto de hotel que é alugado durante 1 dia, nesse caso já não é tão importante uma descrição pormenorizada.


E pronto, foi a aula desta semana. Se ainda houver alguma dúvida digam. Eu vou tentar ajudar dentro dos possíveis ~  Até para a semana.